quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Conversas Alheias

Sentada à espera do Metro, oiço uma conversa. Uma senhora muito bem posta explica a uma rapariga com um ar desfeito e aflito:
‘Este requerimento vai para o juiz. Vamos tentar provar-lhe que tem condições para cuidar do seu filho. A instituição também vai enviar um relatório ao juiz a dar conta das suas visitas e do seu interesse pela criança. Por isso vá lá, converse e brinque muito com ele. Eu agora vou fazer umas chamadas e depois ligo-lhe a dizer o que se passou.’
Levantam-se e vai cada uma para seu lado. E deixam-me sozinha a pensar.
Que partida terá a vida pregado àquela rapariga para a separar do filho? Terá tratado mal a criança? Terá arranjado um mau padrasto para o filho? Não terá dinheiro para lhe dar de comer?
E como serão as noites daquela rapariga quando pensa no seu filho sozinho numa qualquer instituição: Quem lhe dá um beijo de boa noite? Quem lhe vela o sono? Quem lhe dá colo quando ele chora? E mimo quando está doente?...

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